
Ao conjugar elementos que nos remetem a brincadeiras infantis em Re-trato I, às vezes eu me lembro..., Matias Monteiro parece nos submeter a este teste de realidade reconstituindo a memória longínqua de algo que nos parece mais um sonho. A forma antropomórfica obtida ao “vestir” uma mesa, como meninas fazem com suas bonecas ou consigo mesmas experimentando as roupas da mãe é justaposta a peças de casinhas de um conjunto usualmente direcionado para meninos que os pais supõem “futuros engenheiros” em uma duplicação de gênero em um objeto que personifica lembranças remotas. O jogo de tornar-se adulto na infância torna-se um jogo de supor-se novamente criança ao olharmos para a imagem deste objeto-personagem cuja presença atordoa nossos sentidos, gerando certa expectativa de movimento semelhante àquela que tínhamos com nossos brinquedos.
Luciana Paiva 2006.