Hoje comecei a fazer um trabalho novo (embora tenha tantos inacabados) . Ainda estamos nos conhecendo e eu não direi mais sobre o assunto; ele é muito tímido.
É engraçado como nós estamos sempre construindo universos que possamos habitar, buscando a ergonomia correta de nossos sonhos, produzindo um léxico próprio... é um processo, um aprendizado, uma forma de estar no mundo, de estar um pouco mais disponível.
Ás vezes parece haver um censo de aleatoriedade na arte. As pessoas se queixam disso com regularidade; com muita facilidade se frustram e não sabem mais como lidar com a frustração. Tornam-se hostis. Acho que elas tem essa sensação quanto ao mundo em que vivem; os acontecimento se desencadeiam e se esfacelam antes mesmo que possamos organizá-los em um discurso coerente; antes mesmo que possamos impor-lhes alguma espécie de narratividade. Não se pode mais ser ingênuo; nosso mundo não tolera tolices... Cocteau já dizia que o século XX seria conhecido como o século da impaciência, pois a mais honesta repetição ou a mais sutil demanda nos enerva.
Mas, por vezes, nosso olhar nos trai.: Vejo uma falha entre as espessas nuvens de chuva. Lá no alto eu vejo um céu azul, uma nuvem branca, uma tarde ensolarada omitida pela massa cinza que se descortina por um instante. Ao descer um pouco o olhar, vejo as luzes acesas nos apartamentos, resistindo bravamente contra a sombra nublada e chuvosa. Cada luz é de uma cor, e elas parecem descrever uma palheta organizada de forma tão lúdica, mas não exatamente casual... cada um tem o céu que lhe convém.