Matias Monteiro (1980)

Matias Monteiro (Brasília - 1980) fez sua primeira exposição individual em 1984 em um pequeno apartamento na rua Saint Marc, Montreal, Canadá. Seus pais emolduraram seus desenhos e os expuseram na sala de estar, mas, afoitos, terminaram pendurando-os de cabeça para baixo. Matias pendura seus próprios desenhos desde então. Hoje, é mestre em Poéticas Contemporâneas (2008) e Bacharel em Artes Plásticas (2004) pelo Instituto de Artes da Universidade de Brasília. Atualmente é graduando em Museologia pela UnB.





Você (objetos siameses)/ 2004.


Caro leitor, isso não é deriva, mas uma um surto espaço-temporal. Surto eu. Surtara você ao ver o garfo do Matias Monteiro ou então ao querer usar seus óculos? Se sim, concordará em que há neles um estranhamento que acena, que quase se ergue como ameaça a realizar-se, quase torna seus objetos animados e duplicados. (...)
Se o objeto dos sentidos (seja um garfo, um óculos ou um tênis) se oferece à sensibilidade duplamente, de modo absurdo e abusivo, há uma solução para senti-lo e outra para rejeitá-lo: hum) a solução para negá-lo é o abrigo da cultura, dizê-lo absurdo para não causar vexame; dois) a solução para senti-lo é oculta: duplicar também os sentidos, dobrar a sensibilidade kantiana e admitir, assim, o romper dos prazeres e das mortes.
Se aceitamos, secretamente, a segunda solução, duplicamos também, secretamente, os órgãos dos sentidos. Somos Narcisos monstruosos, receptivos a tudo. Surtamos espaço-temporalmente, admitimos o espaço como tempo-espaço. Surge em nós o corpo verdadeiro, que é o corpo erótico, onde ocorrem "a priori" todas as possibilidades. Não é mais um corpo desejante: para ele existe a fruição e o prazer da morte (sem pesares).

Allan de Lana, Estética Heimlich Transcendental